segunda-feira, 21 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Era uma vez...
Peter Pan prometeu que dessa vez vira homem. Que vai crescer, mudar de jeito. Coisa que Wendy, a séria Wendy, não bota a menor fé. Para ela Peter Pan não tem jeito, deve primeiro aprender a lavar as próprias orelhas para depois pensar em casamento. Ele se defende dizendo que ela que é fria e não se abre para o amor... Tentativas e mais tentativas frustradas de diálogo.
Chapeuzinho Vermelho seguiu os conselhos da Cinderela e foi correndo sair com o Lobo Mau. Apesar da sua bulimia, ela deixou a timidez de lado e caiu nos braços do seu amado. Que tem certas manias sádicas para com a moça, mas que jura de pé junto que a ama e que só quer fazê-la feliz. Quem diria que até no amor poderíamos falar em singularidades?
Enquanto isso a Bela Adormecida pegava no sono e não percebeu que "o cara" que ela se apaixonou não é o Príncipe, mas sim o Sapo. Que também não sabe que é um Sapo, pois ficava isolado com toda a sua filosofia, todas aquelas palavras perfumadas.(tempo) -Bela! -Bela! Dormiu? Dormiu...(tempo) Namoro à distância. Relação virtual. A fotografia que antecede a pele. Mais uma ilusão que se apodera da alma.
Feliz? Sempre?
Não se sabe.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Assim falou Clarice.
(trecho do livro Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, Clarice Lispector.)
“Feliz pra Sempre!” - CEMOV
Embebidos com as palavras de Clarice fomos para o espaço cênico (?).
Corpo sensível.
Dois “atores”, um caderno, uma caneta, um rabo, um óculos, uma rosa, um sapo, uma bandana, duas cadeiras, quatro casais e só. Só? O suficiente para expressar um depoimento pessoal.
Como não refletir após?
Como não ter vontade de deixar cair algumas lágrimas, seja da “emoção” de ter compartilhado, seja da tristeza por se achar tão patético.
Sou ser humano, mas o que de fato é ser humano.
Minha arte é minha vida. Seria mais fácil se eu fosse separada.
Minha vida é uma criação, como os casais que eu (re)crio.
Isso é tão confuso que as palavras não darão conta. Como a Clarice conseguiu?
Já chega.
Às vezes me ponho a pensar: será que o mundo se transformou mesmo num coletivo de rinocerontes e eu só percebi agora? Ou somos nós que queremos ser demasiadamente humanos?
Mas o que é ser humano?
Estou/sou viva e quero falar!!
Alice Nascimento
07/09/2009
Abertura de processo: CEU Lajeado e Jambeiro
participantes: Alice e Carlos
Já falando da apresentação, vejo cada vez mais clara a proposta de encenação de "Feliz pra Sempre!", onde os atores estão 'livres' no espaço cênico para criar dentro do universo que estamos apontando.
Para que isso aconteça cada vez de uma forma mais rica possível seria interessante se os atores propusessem mais cenas nos ensaios, trouxessem mais pensamentos críticos sobre e principalmente vasculhassem o seu universo pessoal.
É um mergulho nas minhas questões, mergulho no que eu vivenciei. No começo dá um certo medo e um susto pela exposição, mas é importante lembrar que temos nossas figuras justamente para transformar todo esse material em ficção...
...
Encontro de segunda do vocacional CEU Jambeiro 20/07/09
Participantes: Alice e Carlos
Mais uma vez abrimos algumas cenas de "Feliz pra sempre!".
A impressão que dá é que partimos dos contos para a criação e na verdade é ao contrário, os contos surgiram, são uma ferramenta, são as figuras que utilizamos para concretizar as nossas questões, por isso que não tem como não desconstruir a cinderela por exemplo...
É claro que isso não é uma regra, se quisermos partir de um conto agora podemos, porem é sempre bom pensarmos na desconstrução desse personagem para chegarmos nas nossas 'feridas', nos nossos anseios, no nosso material...
Não é somente contos de fadas descontruídos, isso qualquer um pode fazer.
É depoimento pessoal , é isso que vai dar outra qualidade de interpretação, é isso que nos permite combinar a cena minutos antes de apresentar, é isso que faz com que pareça tão genial um coisa boba como contos de fadas e isso nem todo mundo pode fazer, nem todo mundo tem coragem de fazer e coragem não é contrário do medo. A coragem é o "apesar de", apesar do medo eu vou, eu tenho medo, mas tenho também a coragem que me impulsiona e me faz ir adiante apesar do medo.
É isso... Que tenhamos coragem e força...
Não desejo que sejemos felizes para sempre, pois isso a gente sabe que não dá, mas desejo boas vindas a esse processo, que ele seja repleto de momentos felizes, muita troca, muito olho no olho, muita arte, muita ação, muita música, muita dança, muito Carlos, muito Abraão, muito Thiago, muito Alê, muito Vinicius, muita Talita, muita Maga, muita Alice, muitos colaboradores e muito para quem vier...
[super melodramatico esse final, mas ok...]
postado por Alice Nascimento na comunidade do nosso processo no orkut
Breve Gênese
Mexeremos em questões que doem em cada um. Com as fraquezas, limitações, frustrações, medos, limites.
O processo de desconstrução do ator será vivenciado por todos independentemente do estar ou não em cena, em maior ou menor intensidade.
Sabemos onde estamos começando mas o caminho e o destino serão descobertos durante o processo.
Processo este que poderá/deverá ser discutido incansavelmente por todos os envolvidos e por quem vier a ajudar.
Tudo (tudo mesmo!) poderá acontecer.
O início é assim: por enquanto temos a mim (Carlos) como o encenador/diretor, o Thiago como o ator (que estou trabalhando no momento) e a Maga como produtora. Mais alguns parceiros que estamos reunindo.
Por ora é só isso que temos, além do tema 'Feridas'.
Mas volto a afirmar: tudo pode mudar!
Nos coloquemos em movimento e sejamos corajosos para aceitar e saber lidar com o desconhecido."
Postagem do dia 18 de maio de 2009 na comunidade do processo no orkut
...
E tudo começou numa conversa de msn, que depois passou para uma conversa de bar, e que depois passou a encontros aqui e alí em curtos espaços de tempo.
A Cia. Refúgio de Atuadores já existia, comigo, Alice e Brah mais a orientação do Luiz Claudio Cândido pelo Teatro Vocacional.
Eu conhecia o Thiago a algum tempo e ele me propôs que começássemos um processo juntos, mais alguns amigos... E que tivesse como mote o tema "feridas da cidade".
Iniciamos um processo fragmentado e que aos poucos foi se dividindo em dois núcleos, um na Casa de Cultura da Penha e outro no CEU Lajeado, em Guaianases.
Uma das primeiras pulsões do processo, surgido primeiramente do material humano de Maga Ares, a produtora do projeto, foi a questão afetiva da Cinderela e do seu mundo ilusório.
Simultaneamente nos dois núcleos fomos escavando essa e outras questões relacionadas a partir de um trabalho de depoimento pessoal com os artistas envolvidos, de acordo com a singularidade de cada um. Alguns estão conosco desde o início, outros entraram e saíram após um tempo, e outros chegaram e ainda estão se familiarizando.
Desse processo fragmentado saiu o primeiro resultado cênico/ experiência, que chamamos de Feliz pra Sempre! Onde estão em cena eu (que até então não entraria em cena) e Alice, nos revezando entre 4 personas/ personagens cada.
A dramaturgia é quase toda construída no momento da troca com o público e a sala de ensaio muitas vezes escapa do convencional no teatro e vira um espaço de conversa (reflexão) e troca de experiências (depoimentos) entre os artistas.
As trocas e apresentações, por enquanto, se dão nas edições do CEMOV (Cenas em Movimentos - Ceu Jambeiro), nos Cortejos do CEU Lajeado e em apresentações esporádicas em parceria com o Teatro Vocacional.
E o processo está sempre aberto.
Carlos Alberto Moreno
Ficha Técnica:
Encenação: Carlos Alberto Moreno
Elenco: Alice Nascimento e Carlos Alberto Moreno
Produção: Maga Ares